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sábado, 18 de dezembro de 2010

Hebe Camargo se mexe. E põe em movimento todas as peças no xadrez da TV

Saída da apresentadora do SBT pode catapultar o crescimento da Rede TV e aquecer a disputa entre as emissoras menores

savio vianna
Hebe Camargo, apresentadora de TV
Hebe Camargo, apresentadora de TV (saviovianna)
Hebe Camargo vai para a Rede TV!. Ponto. Já está decidido. O que falta definir, e por isso mesmo será assunto nas próximas semanas, é o seu espaço na grade de programação da emissora. A escolha só deve ser anunciada em meados de janeiro. Até lá, os executivos no comando da TV – entre eles o dono Almicare Dallevo, amigo pessoal de Hebe e responsável pela sua mudança de canal – vão montar um quebra-cabeça. O desafio é inserir Hebe num dia e num horário que permitam à Rede TV! ao mesmo tempo fazer frente à concorrência e não criar descontentamento entre os artistas da casa. Porque, a despeito do formato já antigo de seu programa e da audiência modesta que rende ao SBT nas noites de segunda, por volta dos 3 pontos no Ibope (cada ponto equivale a 60.000 domicílios na Grande São Paulo), Hebe Camargo ainda é marca de valor no mercado da televisão.

“Hebe dará peso à programação da Rede TV!”, diz Cícero Ferreira, diretor de media rating – a área que controla a audiência – da emissora. “Deve trazer com ela um público que o canal quer fidelizar.” Também em termos de audiência a apresentadora pode ser interessante para a emissora. Ferreira aposta que Hebe vai acrescentar espectadores não só por ter uma plateia leal, mas também porque sua estreia deverá ser acompanhada de uma forte campanha publicitária. Se fizer mais pontos no Ibope do que obtinha na emissora de Silvio Santos, ela deverá superar atrações da casa como o Superpop. O programa da ex-modelo Luciana Gimenez vai ao ar de terça a quinta, na faixa das 22h, e tem audiência na casa dos 3,5 pontos. 

Para Ferreira, em se mantendo as características do SBT, o programa de Hebe teria perfil para ir ao ar durante a semana, à noite. Nesse caso, a direção da Rede TV! teria de evitar uma trombada entre Hebe e Luciana, esposa de Marcelo Carvalho, sócio e vice-presidente do canal. O mais provável seria que a apresentadora seguisse no ar às segundas, dia em que a sua nova emissora exibe séries. Ou que passasse para as sextas, quando o canal reprisa o Pânico na TV. O programa, que é campeão de audiência do canal, deve encerrar o ano com média de 9 pontos de ibope aos domingos. O SBT, por sua vez, deve no princípio substituir Hebe por uma espécie de show de calouros infantil, que será disputado por cantores mirins com idade entre 6 e 13 anos. A previsão é que a primeira temporada do programa tenha seis semanas. 

O risco embutido na aposta da Rede TV em Hebe é aquele descoberto este ano pela Record com Gugu Liberato. A emissora evangélica investiu pesado para tirar do SBT o apresentador, que, estima-se, recebe um salário mensal de 3 milhões de reais. No início, também apoiado em marketing e no fator novidade – no caso, a emissora, é claro –, Gugu chegou a dar 16 pontos de ibope. Desde o início do ano, porém, seu poder de orquestrar controles remotos caiu. Assim como a audiência, agora em torno dos dez pontos. Quando não menos.

O investimento da Rede TV! em Hebe Camargo não será tão grande quanto o da Record. Mas também não será pequeno, ainda mais quando se leva em conta o tamanho das duas emissoras. Comenta-se que na Rede TV! a apresentadora não contará com salário fixo, mas terá a possibilidade de fazer mais dinheiro do que na emissora de Silvio Santos, pois ficaria com 100% do faturamento de seu programa com merchandising e ainda metade da receita gerada pelo intervalo comercial da atração. No SBT, ela recebia participação no merchandising de seu programa e 500.000 reais mensais, valor que Silvio Santos quis reduzir para 300.000 na última semana, aumentando o descontentamento de Hebe com a emissora onde atuou por 25 anos. Além de ter o horário de seu programa alterado várias vezes, ela já havia tido o seu salário cortado pela metade: até 2008, recebia cerca de 1 milhão de reais.
Potencial, Hebe Camargo tem de contribuir para o crescimento da Rede TV!. Na audiência geral, a emissora de Amilcare Dallevo deve fechar o ano com média de 6 pontos no ibope na Grande São Paulo, na faixa das 7h às 24h, entre segunda e sexta-feira. Se não ajudar a elevar essa média, Hebe  deve ao menos agregar valor – jargão que faz gosto aos publicitários – ao canal. Aos 81 anos e 57 de carreira, ela reúne extenso capital televisivo e é praticamente um patrimônio da cultura popular brasileira. Não é à toa que a sua mudança de emissora agite tanto o mercado. E deve continuar agitando nas próximas semanas.

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